No meio do Saara, na região norte do Níger,fica um deserto dentro do deserto. O vasto Ténéré é um mar de areia tão grande quanto o estado da Califórnia, intercalado por platôs rochosos. As dunas alcançam mais de 245m á e altura, o que faz delas as maiores do mundo.
A leste fica o Grande Erg de Bilma, 1.200 km de areia que se estendem até Chade. Ao sul ficam as chamadas dunas seif, montanhas paralelas de areia que se estendem por 160km, com depressões conhecidas como gassis entre elas.
Caravanas de sal Tuaregues viajam pelas gassis, levando o sal de Bílma a Agadez. Antigamente, camelos carregavam o sal numa viagem que durava 15 dias até Agadez, mas atualmente o uso de caminhões e veículos 4X4 tem aumentado.
Hoje há poucos pontos de referência entre as dunas migratórias, mas antigamente eram mais. Ao longo do trajeto da caravana existe um poço profundo, onde havia uma solitária acácia com 300 anos de idade, chamada de A Árvore de Ténéré. A árvore foi destruída em 1973, mas logo substituída por uma réplica de metal.
Deserto Ténéré
O silêncio do Saara é quebrado no desfiladeiro Ennedi, onde os nômades levam suas cabras e camelos para beberem água. O desfiladeiro é um dos muitos cânions que atravessam o arenito rochoso do maciço Ennedi. Há penhascos de um vermelho incandescente, precários pilares verticais, gigantescos arcos naturais e paredões com pinturas rupestres.
No fundo do cânion, a água subterrânea abastece lagoas negras, ou gueltas. A Guelta d’Archei, com um leito de areia branca e vegetação esparsa, que inclui a acácia-de-Aludéya, termina em um gigantesco anfiteatro, onde os nômades Gaeda e Bideyat dão água aos dromedários, às vezes centenas deles.
Peixes de água doce se alimentam dos excrementos dos animais e acabam se transformando no alimento de um pequeno grupo de crocodilos-do-nilo que restou nesse deserto que já foi, há 5 mil anos, verde. Ennedi fica no nordeste do Chade, perto da fronteira com o Sudão, numa das regiões mais isoladas do Saara.
Agências de turismo especializadas levam o visitante ao desfiladeiro, mas a viagem não é para quem tem medo. No verão, as temperaturas beiram os 50°C. Para viajantes solitários, o cânion só é acessível em veículos 4X4 e motocicletas, ao longo de trilhas mal sinalizadas.